
Dona Palmerina, que orgulho tenho da senhora
Neste dia 04 de junho, mãe celebra idade nova. Chegou aos 86 anos acendendo fogão a lenha, fazendo polenta com galinha, assando batata na brasa, catando gravetos no terreiro, plantando e colhendo manjericão, salsa, colhendo abacate, limão e cana-caiana no pé.
Mãe, quanta gratidão tenho pela senhora… Quanta roupa a senhora “quarou” e quanta água buscou na cacimba. Quantas pescarias nos brejos magros, só pra nos dar de comer com dignidade! Traíra, marobá, bagre, piabas… tudo a senhora fritava e servia com farinha.
Ah, mãe… Aquela imensa igreja batista que a senhora encerava e deixava brilhando do chão até o altar. Depois, nos ensinava a ar óleo de peroba nos pés de todos os bancos.
Eu confesso: tomava o restinho do vinho que sobrava da Santa Ceia e mergulhava no batistério depois da cerimônia onde o pastor batizava os novos fiéis.
Como esquecer das chaleiras de leite com aveia que a gente levava para o pai na roça? E das marmitas, enquanto ele obrigava meus irmãos mais velhos a assobiar enquanto plantava amendoim…
É, mãe… Como é que éramos pobres, se plantávamos de tudo? Arroz, feijão, milho, mandioca, amendoim, alface, abóbora, chuchu, pimentão, tomate, salsa, cebolinha… e até urucum!
Tinha leite com fartura, broa de fubá no café da tarde, e o café, a gente mesmo colhia. E o beju, que a senhora, tia Fiota e tia Ofélia faziam com tanto capricho…
Mãe, a senhora é, pra mim, a mais importante de todas as heroínas. Foram oito filhos, nascidos com parteiras em casa, todos criados com o que a terra deu, tudo semeado e colhido no pé.
Que fartura, né? Ninguém se bandeou pra vida torta. E quem tentou, se arrependeu. E a senhora… acolheu.
Não tenho vergonha de nada, mãe. Tenho é um orgulho imenso da senhora.
E hoje, eu agradeço a Deus pela sua vida — e pela alegria de ser sua filha.
Parabéns, Dona Palmerina Máximo!
Texto: Luciana Maximo